quinta-feira, 9 de julho de 2015


De repente seu cheiro de roupa limpa pairou no ar.
Te procurei e não encontrei
Sendo obrigada a te transcrever
Ainda que involuntariamente
Enquanto meus olhos já se erguiam...
Escorregando no formato do seu rosto
Passando por suas bochechas
Contornando seu maxilar
Apreciando as linhas de sua boca
(agora sorrindo minimamente)
Enquanto seus olhos me devoram;
Me observam e procuram ainda que eu não queira
Me fazem sentir como se você fosse outro alguém
Têm alma e vida própria
Afirmando a cada contato que nada que você faça ou diga
Me intimidará tanto quanto esse olhar;
Inspiro seu cheiro de novo
Automaticamente te aperto contra mim
Enquanto sorrio em seu ombro
E suas mãos se movimentam em minhas costas;
Enrosco meus dedos em seu grosso cabelo 
Te incito até que queira me beijar
E quando finalmente nossos lábios se tocam
Estou de volta nas suas linhas imaginárias
Mas que agora sorriem de deboche
Como em cada final de provocação e retrucadas ruins
Trocadas entre os intervalos dos estalos no silêncio;
Porém ainda estou firme entre seus braços
Sentindo a cada observação dessa
Que não há ganhador no nosso jogo
Restando além do zero a zero
O vago cheiro da sua roupa limpa
Pairado no ar de repente. 

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