De repente seu
cheiro de roupa limpa pairou no ar.
Te procurei e não encontrei
Sendo obrigada a te
transcrever
Ainda que involuntariamente
Enquanto meus olhos
já se erguiam...
Escorregando no
formato do seu rosto
Passando por suas
bochechas
Contornando seu
maxilar
Apreciando as linhas
de sua boca
(agora
sorrindo minimamente)
Enquanto
seus olhos me devoram;
Me
observam e procuram ainda que eu não queira
Me
fazem sentir como se você fosse outro alguém
Têm
alma e vida própria
Afirmando
a cada contato que nada que você faça ou diga
Me
intimidará tanto quanto esse olhar;
Inspiro
seu cheiro de novo
Automaticamente
te aperto contra mim
Enquanto
sorrio em seu ombro
E
suas mãos se movimentam em minhas costas;
Enrosco
meus dedos em seu grosso cabelo
Te incito até que queira me beijar
E
quando finalmente nossos lábios se tocam
Estou
de volta nas suas linhas imaginárias
Mas
que agora sorriem de deboche
Como em cada final de provocação e retrucadas ruins
Trocadas entre
os intervalos dos estalos no silêncio;
Porém
ainda estou firme entre seus braços
Sentindo
a cada observação dessa
Que
não há ganhador no nosso jogo
Restando
além do zero a zero
O
vago cheiro da sua roupa limpa
Pairado no ar de repente.
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