sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O que eu fiz e o que deixei de fazer


Dias que não aproveitei
Lágrimas que derramei
Pensar demais, errei.
Abraços que não dei
Cartas que não entreguei
Palavras que não disse
Beijos que não arrisquei
Corações que eu...
O novo que provei
A novidade que tomei
Livros que deixei de ler.
Menos de mim e mais deles,
Coisas que descobri
Pessoas que conheci
O caderno inteiro que eu escrevi
A caneta inteira que gastei
Bandas novas que ouvi
O que ouvi e me calei. Segredos.
Coisas que ninguém irá saber
Em anexo registro os que eu acho que ganhei
Quem eu acho que perdi
Pessoas que jamais acharei
Velhas histórias aconteceram outra vez
Tudo outra vez.
O que eu esperei e não veio,
Do que desisti e aconteceu,
Do que era velho e de repente se tornou novo,
Quem eu esperei e deixei.
Tudo o que passou e ninguém reparou
Tudo que só resta recordar,
Coisas que eu fiz
E coisas que eu deixei de fazer.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


Quem sabe se eu me deitar sob as estrelas
E me deixar levar para bem longe daqui,
Para algum lugar que me pertença
Onde eu possa apenas ficar,
Eu consiga suportar as vozes.
Quem sabe em algum lugar diferente daqui,
Bem melhor do que aqui
Eu possa sentir emoções de novo,
Sinta alívio de novo
Consiga deitar e dormir em paz.

Longe daqui eu tentarei, juro, ter mais paciência
Mais coragem, menos insegurança e mais compaixão.
Serei tudo o que não fui e tudo o que nunca tive coragem de ser
Viver onde distância sejam milhas porque kilometros andam sendo insuficientes.

Talvez logo passe e, quem sabe, eu sinta falta
Mas longe daqui eu conseguiria ser
Alguém pra você, alguém para eles
Porque eu não pertenço a esse lugar.

sábado, 17 de dezembro de 2011

 
Dia escuro, luz apenas a da TV, quarto pequeno. Uma cadeira com poucas almofadas, coisas jogadas na cômoda e no chão, isso é raro, pois não há lugar para se guardar tudo.
Cabeça perdida em um tempo em que é impossível se alcançar ou querer programar, e voltar em um tempo em que é tão próximo, mas foi vivido há muito atrás. Sentar e querer não pensar em nada. Sozinha, sem observar, sem adivinhar. Só estar.
Dez dias e uma nova direção.
O tempo e os objetos não mudam no quarto, mas o relógio continua a andar.
Hora de levantar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011


Perdidos na maneira e no jeito que se sentem
Estamos, sim, todos estamos
Não basta isso tem que querer saber o que os outros também sentem
Porque agora só sabemos o que sentiam.
Não mais expressões e olhares
Uma pena, pois eu sabia das coisas quando olhava apenas
Não precisando nada mais do que isso
E mesmo sabendo, não precisava dividir esse saber com ninguém
No meio de tudo nós nos perdemos e daqui a algum tempo
Nós nos acharemos
Quando não era preciso mais do que um único dia
Para saber.

Reduzidas a pó todas as construções nomeadas “Expectativas” que tínhamos
De como tudo nos próximos anos seria
Olhar para trás e ver o quão forte eram os muros
E no meio do caminho ver toda a estrutura mudar.
Mudaram até de lugar, reduzidos a pó
Talvez a antiga tenha caído, balançado e mudado
Pois venho a acreditar que uma construção mais forte e maior está se levantando
Esperando e crendo que essa durará.

Datas não me contam nem revelam mais sentido
Tudo o que vivemos sem realmente viver
Tudo o que achávamos que sabíamos
Tudo que não existe mais.
Contentar-se com pequenas partes dos grandes textos de explicações
Ou com promessas de que os reais permanecem
Contentar-se apenas com inda e vindas de memórias antes sentidas
Ou com a conformidade de apenas lembrar e aceitar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


Que as águas que caem levem o que de ruim ficou
Que por hoje eu não me desespere novamente
Forças para afastar o que de mal chegou até mim
Porque por hoje eu não vou chorar.
Eu sinto que muitos, vi pela última vez, os toquei
Não me importei com os que passaram em branco
Senti na espera da noite parte da infância indo
E por hoje, eu resolvi não chorar.
Eu sabia que seria a última vez
Talvez eu entendesse das últimas lembranças
Vozes, sintonia. Tudo já comum, mas tão novo
Todos os motivos para chorar, mas não hoje.
Eu juro que vi lágrimas. Guardadas nos cantos, mas as vi
Guardei de novo um acervo de memórias, só pra garantir
Pelas últimas vezes, tanto todos
Pela última vez, um certo eu
Não esperei, não criei, aguardei
Tudo para hoje lamentar e chorar
Mas não hoje, não hoje. Hoje.